Se você deseja iniciar uma criação de Canários, mesmo que de forma amadora, leia antes essas dicas retiradas do site da Federação Ornitológica do Brasil – FOB.
-> Local de Criação
Para iniciar uma pequena criação de canários, geralmente pode-se adaptar algum cômodo já existente na casa. De preferência, a acomodação deverá ser provida de ampla(s) janela(s) voltada(s) para o sol nascente.
As janelas devem ser protegidas por tela de malha fina para evitar a entrada de insetos e dispostas de maneira a evitar corrente de ar direta sobre as gaiolas, para prevenir o desenvolvimento de problemas respiratórios. Entretanto, é necessário que haja circulação de ar, o que muitas vezes pode ser solucionado com pequenas aberturas junto ao forro, que facilitarão a saída do ar aquecido.
A previsão do número de casais deverá ser feita de acordo com as dimensões do criadouro, sempre tendo em mente que o mesmo também precisará acomodar os futuros filhotes e que a superpopulação é uma das causas de insucesso na criação de pássaros.
-> Gaiolas
Para iniciar uma pequena criação de canários, geralmente pode-se adaptar algum cômodo já existente na casa. De preferência, a acomodação deverá ser provida de ampla(s) janela(s) voltada(s) para o sol nascente.
As janelas devem ser protegidas por tela de malha fina para evitar a entrada de insetos e dispostas de maneira a evitar corrente de ar direta sobre as gaiolas, para prevenir o desenvolvimento de problemas respiratórios. Entretanto, é necessário que haja circulação de ar, o que muitas vezes pode ser solucionado com pequenas aberturas junto ao forro, que facilitarão a saída do ar aquecido.
A previsão do número de casais deverá ser feita de acordo com as dimensões do criadouro, sempre tendo em mente que o mesmo também precisará acomodar os futuros filhotes e que a superpopulação é uma das causas de insucesso na criação de pássaros.
-> Acessórios e utensílios
São muitos e variados os acessórios e utensílios destinados a equipar as gaiolas de criação que podem ser encontrados no comércio. Deve-se evitar sobrecarregar as gaiolas com equipamentos muitas vezes supérfluos e que acabam dificultando a manutenção da higiene.
Os melhores e mais práticos são os comedouros e bebedouros de plásticos em forma de concha ou meia-lua, usados no exterior da gaiola. Esses recipientes devem ser mantidos rigorosamente limpos, não admitindo-se que os bebedouros criem limo (algas) e os comedouros acumulem pó.
Além da limpeza diária dos bebedouros com pincel, escova e esponja, pelo menos uma vez por semana os mesmos devem ser mergulhados por algumas horas em solução de cloro (Quiboa, Cândida, etc…) e depois enxaguados em água corrente.
Os comedouros destinados às sementes devem ser constantemente esvaziados para evitar o acúmulo de pó e podem ser trocados para lavagem em espaços de tempos maiores. Para ministrar alimentos úmidos como a farinhada e papas, usa-se vasilhas de louça, vidro ou plástico, que devem ser substituídos diariamente e tratados com os mesmos rigores higiênicos.
Os canários precisam tomar banhos frequentes e para isso pode-se adquirir banheiras plásticas de tamanho grande, mas que permitam a sua passagem pelas portas das gaiolas. Hoje existem à venda no mercado banheiras plásticas externas, muito práticas, que podem ser adaptadas à porta da gaiola. Durante a época de criação deve-se fornecer aos casais, ninhos adequados, sendo muito usados os de plástico que são duráveis e de fácil higienização. Esses ninhos devem receber forros de flanela, corda ou feltro, comumente encontrados em lojas especializadas. É boa prática trocar os ninhos quando os filhotes são anilhados e sempre usar ninhos limpos a cada nova ninhada.
-> Formação da Plantel
Como o objetivo da canaricultura é a qualidade e não a quantidade, o criador inexperiente nao deve iniciar sua criação com número muito grande de casais. Se a intenção for ter um ou dois casais, por passatempo, sem a preocupação com os resultados, qualquer casal serve, desde que seja saudável. Entretanto, se o objetivo for criar canários pensando em desenvolvimento técnico e em concursos, deve-se começar com casais de raça ou cor de acordo com a preferência, mas de qualidade reconhecida. O criador deverá então filiar-se a um clube ornitológico que Ihe possibilitará a compra de anilhas para registro dos filhotes e a participação em concursos oficiais, além de assistencia técnica e convívio com outros criadores. Para conseguir bons pássaros é prudente visitar criadores de prestígio, que poderão dar valiosas orientações sobre os acasalamentos pretendidos e fornecer matrizes de qualidade técnica indiscutível.
Algumas regras já estabelecidas são importantes e devem ser lembradas na hora da compra:
- Desconfie dos pássaros baratos, pois geralmente são de qualidade inferior ou portadores de alguma afecção. É preferivel começar com poucos casais de qualidade do que com muitos ruins;
- Compre somente canários que tenham anilha e solicite do vendedor o seu “pedigree”;
- Não confie somente no seu “gosto” para avaliar um canário que deseja comprar. Certifique-se se ele está dentro dos padrões da cor ou da raça desejada.
- Não compre exemplares fracos ou enfermos por melhor que seja o seu “pedigree”, pois um pássaro nessas condições não será bom reprodutor;
- Lembre-se que um pássaro saudável é esperto e alegre. Sua barriga deve ser limpa e sem manchas, seus pés e dedos sem crostas ou tumurações e sua respiração silenciosa e sem chiado.
Segundo o saudoso companheiro Carlos Gimenez “nem sempre um canário que obteve um primeiro lugar é o mais adequado para criação. Existem canários espetaculares em termos de plantel e criação, que não teriam grandes chances numa mesa de julgamento, ou por estarem com a plumagem desarrumada, ou por terem o rabo um pouco aberto ou por estarem um pouco gordos quebrando assim a harmonia visual.
Seria muito fácil se você comprasse o macho campeão e a fêmea campeã e acasalando-os obtivesse o novo campeão”. Claro que os pássaros classificados em concursos devem possuir qualidades, mas também é muito importante a sua origem e potencialidade genéticas, o que justifica o dito muito popular entre os canaricultores:
“É preferível um pássaro razoável de uma excelente criação do que um pássaro excelente de uma criação razoável”.
-> Acasalamento
Considerando-se as variações naturais de luz solar, anualmente ocorre um aumento gradual e contínuo do tempo de duração da luminosidade do dia, a partir de 21 de junho, alcançando o máximo em 21 de dezembro.
Esse período, considerado foto-período positivo, influencia o ciclo reprodutivo dos canários. Assim, entre a segunda quinzena de julho e a primeira de agosto, em nosso hemisfério, é a época recomendada para iniciar os acasalamentos. Os machos e as fêmeas deverão ser colocados nas gaiolas de cria, separados pela grade divisória, para um período de adaptação fornecendo-se às fêmeas o ninho e fios de estopa ( desfiada ou em pedaços de 5×5 cm. presos nas gaiolas).
Quando os pássaros começarem a trocar comida através da grade e a fêmea a confeccionar o ninho, remove-se a grade divisória, sendo então bem menor a possibilidade de brigas geradas por incompatibilidade ou despreparo do casal.
-> Postura
A postura do primeiro ovo sucede entre 6-8 dias após a primeira cópula e as posturas mais frequentes são as de 3 e 4 ovos. A canária normalmente põe os ovos em dias seguidos, mas em alguns casos pode ocorrer intervalo de um dia entre um ovo e o seguinte. Nas primeiras horas da manhã ( 5 a 7 h), a canária realiza a postura e depois é coberta pelo macho, o que assegura a fecundação dos ovos posteriores. Por isso, não é conveniente entrar no criadouro muito cedo.
Todas as manhãs, depois das 7 horas, os ovos recém-postos devem ser retirados e substituídos por ovos de plásticos. Os ovos recolhidos devem ser colocados em recipientes com areia, algodão ou semente esferica (evitar sementes pontiagudas como o alpiste, que podem perfurar a casca) e mantidos em temperatura ambiente.
Após a postura do último ovo, que normalmente é de cor mais escura, os ovos devem voltar ao ninho, sendo este considerado o primeiro dia da incubação. A razão desse procedimento é para que os filhotes nasçam no mesmo dia e tenham a mesma oportunidade de desenvolvimento.
-> Incubação
Normalmente a incubação é de 13 dias e nesse período é conveniente que o ambiente seja tranquilo e que as manipulações na gaiola sejam rápidas, evitando-se perturbar a canária.
Durante a incubação os ovos perdem água através da casca que é porosa e permite tambem o intercâmbio de gases necessários para a vida do embrião Nesse processo de “respiração do ovo” o vapor da água expelido deve ser reposto. Daí a necessidade, nesse período, de umidade relativa do ar mais elevada. As canárias por instinto regulam a umidade molhando suas penas, sendo conveniente colocar banheiras, particularmente ao final da incubação (3-4 dias antes do final), momento em que os ovos necessitam de maior umidade e menor temperatura para que os estímulos de eclosão sejam eficazes e os filhotes possam romper facilmente a casca (70-90 % de umidade).
Se a fêmea não se banha é conveniente pulverizar os ninhos com água . Em períodos de baixa umidade pode-se também colocar esponja úmida no fundo da gaiola, embaixo do ninho. Durante a incubação pode-se fazer o diagnóstico da fertilidade dos ovos a partir do 5º ou 6º dia, examinando-os por transparência através de um foco de luz e comprovando a existência do complexo embrionário. Para isso emprega-se um “ovoscópio” que consiste numa caixa contendo uma Iâmpada no interior e um estreito orifício sobre o qual se coloca o ovo.
Observando-se um ovo não fecundado, por esse método, a gema é perfeitamente distinguida, enquanto nos ovos fecundados, a partir do 3º ou 4º dia de incubação já nao se distingue a gema como se ela estivesse misturada com a clara. Com a prática, a olho nú pode-se distinguir os ovos, “claros” dos fecundados, pois estes, aos seis dias de incubação adquirem uma coloração mais intensa e fosca.
Segundo Perez e Perez (Bases Biológicas y de Aplicación Práctica de la Canaricultura) os ovos abortados constituem perigo pelas emanações que produzem sobre os ovos normais, podendo ser esta a causa de fracasso da incubação. Por essa razão, esse autor recomenda a ovoscopia em dois períodos, aos 5-6 dias para identificar os ovos infecundados e aos 10-11 dias para eliminar os embriões mortos.
-> Nascimento
Na maioria dos casos o nascimento se produz exatamente no 13º dia de incubação. Entretanto, se o nascimento não ocorrer dentro do previsto, deve-se ter paciência e aguardar. Várias circunstâncias podem causar o atraso. Há fêmeas que não chocam e saem do ninho com frequência. A falta de umidade também pode influir. Não abra ou jogue fora um ovo pelo menos até o 15º dia de choco e, mesmo assim, faça mais um teste de vitalidade.
Para isso coloca-se os ovos em um recipiente com água morna e aguarda-se alguns minutos. Se o embrião estiver vivo, o ovo flutuará com a ponta para baixo, uma vez que a câmara de ar ocupa o polo mais largo e balançará ligeiramente. Os ovos abortados flutuarão de lado, sem movimentos pendulares, ou afundarão.
-> Anilhamento
Para identificar as aves, o sistema mais prático e seguro, consiste na colocação de anilhas nas pernas dos filhotes. A anilha é um anel de alumínio, fechada, inviolável, nas quais estão gravadas as siglas da Federação e da Sociedade que as emitiu, o ano do nascimento, o número de ordem e o número do criador. Esta anilha é a identidade do pássaro, pois não sairá mais de sua perna, acompanhando-o por toda a vida. Os pássaros para serem apresentados em exposições e concursos oficiais devem portar obrigatoriamente anilhas.
As anilhas são colocadas nos canários, com poucos dias de vida, de 4 a 7, mas sempre tendo-se em conta o desenvolvimento de suas patas, evitando-se que a operação seja traumatizante no caso de grande desenvolvimento ou que o pássaro a perca, se a manobra for realizada muito cedo.
O anilhamento é um processo delicado e às vezes é difícil, para o principiante. Deve ser feito sobre uma mesa forrada com papel, pois ao pegar os filhotes é comum que os mesmos defequem.
Para anilhar, toma-se o filhote com a mão esquerda, e com a direita o anel. Passa-se a anilha pelos três dedos anteriores, deslizando-a até o início da articulação. Segura-se a ponta desses dedos e desloca-se a anilha através do dedo posterior, que deve estar no mesmo sentido da perna, fazendo com que o anel passe para a perna. Em seguida liberta-se o dedo posterior, desenganchando-o da anilha. Essa operação pode ser facilitada, untando-se os pés dos filhotes com vaselina ou outro lubrificante neutro.
-> Separação dos Filhotes
Após a abertura dos olhos dos filhotes não convem manusear os ninhos, para evitar que os mesmos o abandonem prematuramente, causando sérios incovenientes. A permanência no ninho até 20 dias é considerada normal. As ninhadas bem nutridas deixam o ninho entre 15 e 18 dias. Poucos dias depois, os filhotes começam a bicar os alimentos, principalmente a farinhada, frutas e verduras. Com um mês devem descascar e quebrar as sementes, podendo então ser separados dos pais.
Uma regra prática interessante é não separar os filhotes enquanto estes não perderem as penugens da cabeça (espécie de pelos). Normalmente, por volta do 25º dia, a fêmea inicia outro ciclo e começa a se preparar para nova postura. Nesse período os pais podem depenar os filhotes em busca de material para confeccionar o novo ninho. Isso pode ser evitado, separando-se os filhotes dos pais pela grade divisória da gaiola e oferecendo ao casal material para a confecção do ninho.
Os pais alimentam os filhotes pela grade, bastando para isso a colocação de poleiros baixos e próximos à grade divisoria, dos dois lados.
-> Alimentação dos Filhotes
Deve-se oferecer aos pais alimentação farta e variada. A farinhada com ovo cozido deve ser administrada em pequenas quantidades e várias vezes ao dia. Pode-se usar verduras como o almeirão, chicória e couve, sempre muito bem lavadas e frescas, bem como maçã e jiló.
O uso de variedades de sementes tambem é importante. Além do alpiste, a aveia sem casca ( especialmente na primeira semana) e o níger devem ser oferecidos em comedouros separados. Alguns criadores costumam usar pão molhado no leite, com muita aceitação pelas fêmeas. O preparo é feito usando pão d’água, amanhecido, descascado e cortado em fatias, que sao mergulhadas em água. As fatias intumescidas são espremidas e colocadas novamente na água, repetindo-se a operação várias vezes. Depois, mergulhadas em leite, novamente espremidas e oferecidas aos pássaros. Algumas canárias não alimentam ou alimentam mal os seus filhotes, apesar dos cuidados do criador.
Nesses casos, Delille ( ABC Pratique de l’Eleveurs de Canaries Coulleurs) recomenda além da retirada do macho, oferecer água de beber fortemente açucarada por um dia e pedaços de maçã. Outro recurso que pode ser usado, principalmente para as canárias que saem pouco do ninho, é retirar o ninho com os filhotes por alguns momentos. Essa manobra faz com que a fêmea se alimente e ao voltar ao ninho, acabe alimentando os filhotes.
É sempre interessante colocar várias fêmeas para chocar ao mesmo tempo, ainda que para isso seja preciso esperar alguns dias. Caso falhem todas as manobras para estimular uma fêmea preguiçosa a tratar sua ninhada, resta ainda a possibilidade de distribuir os filhotes entre as fêmeas que estejam tratando bem. Alguns criadores costumam auxiliar as fêmeas, administrando alimentos pastosos no bico dos filhotes, prática essa que é condenada por outros. Esse procedimento não deve ser usado o tempo todo, mas acreditamos que nos dois ou três primeiros dias de vida é muito importante, pois permite administrar aos filhotes vitaminas e medicamentos eficientes no tratamento, por exemplo, da colibacilose, patologia responsável pela maioria das mortes no ninho.
Além disso, auxilia o desenvolvimento inicial, mantendo os filhotes em condições de se levantarem e pedirem alimentação às mães, aumentando o índice de sobrevivência. As fórmulas das farinhadas que podem ser misturadas ao ovo cozido e passado pela peneira para fazer a “farinhada “ou “farofa “, são muito variadas. Esse assunto é bastante polêmico e cada criador tem a sua própria receita, guardada muitas vezes com grande segredo. O objetivo final dessa farinhada é obter uma mistura com proporções adequadas de carboidratos, proteínas e gorduras, além de sais minerais e vitaminas, o que na maioria das vezes não é alcançado.
Nas revistas e livros especializados encontram-se várias sugestões para o preparo dessas misturas. Existem hoje no comércio rações balanceadas e adequadas, que estão sendo usadas por criadores com bons resultados.